Projeto IDeAL
AMATO LUSITANO

O Horto de Amato Lusitano

Sobre o Horto

“Como todas as coisas, também o Horto de Amato Lusitano possui uma história.
A ideia surgiu há anos. Desde 1989 que, pelo mês de Novembro, se realizam, em Castelo Branco, uns Encontros de Estudo intitulados Jornadas de História da Medicina na Beira Interior, da Pré-História ao Século XXI. Nesses Encontros, um conjunto diversificado de investigadores portugueses e espanhóis (médicos, antropólogos, historiadores e professores) tem procurado clarificar o que foi a história da Medicina nesta região do interior de Portugal.

Escolheu-se como entidade tutelar desses Encontros de Estudo a figura de Amato Lusitano, médico do século XVI, nascido em Castelo Branco, em 1511, e figura relevante do Renascimento europeu (Anexo l).

Ora, seguindo a arte de curar da época, os medicamentos e as terapias de Amato Lusitano tinham como grande suporte as plantas, algumas da região da Beira Interior.

Dado que as actuais orientações para os sectores agrícola e florestal têm contribuído para o desaparecimento de algumas das espécies utilizadas por Amato Lusitano, sentimos a necessidade de as salvaguardar e de que sobre elas se voltasse a dirigir o olhar atento do Homem. Assim, pensámos dar forma, na cidade onde Amato Lusitano nasceu a um Horto com o seu nome.

A figura de Amato Lusitano possui uma dimensão cultural cujo valor educativo transcende os muros da medicina. Através dos seus relatos de terapias pode realizar-se uma abordagem à aprendizagem experimental das Ciências e à própria História da Ciência. Nas Curas do seu livro Centúrias perpassa toda a sociedade europeia do século XVI e nesses relatos é o Homem na sua dor, alegria, doença, nascimento e morte que adquire uma dimensão ímpar. E a atenção para essa dimensão humana da obra de Amato Lusitano pensamos que pode e deve servir à Escola e aos Educadores como suporte e ponto de partida para o despertar de uma cidadania democrática que ajude à aprendizagem dos valores da tolerância, da fraternidade e do respeito mútuo.

Então, partindo dos pressupostos a seguir enunciados:
⁃ Considerando que Amato Lusitano, natural de Castelo Branco, foi um dos mais importantes médicos do século XVI europeu;
⁃ considerando o alto valor formativo para as crianças e para os alunos/futuros professores da postura ética de Amato Lusitano como homem e como cientista;
- considerando que algumas das espécies utilizadas por ⁃ Amato Lusitano estão em vias de extinção;
- considerando que o pedido à autarquia albicastrense, expresso nas conclusões das Jornadas de História da Medicina na Beira Interior de 1991, nunca encontrou recepção favorável à importância da criação de um Horto com as plantas usadas por Amato Lusitano na cidade que o viu nascer;
- propusemos ao Programa Ciência Viva, do Ministério da Ciência e da Tecnologia, a criação de um Horto, na área envolvente da Escola Superior de Educação de Castelo Branco, no qual se reunissem algumas das espécies da flora desta região da Beira e algumas das plantas exóticas utilizadas por Amato Lusitano.” (Salvado & Cardoso, pp. 9-11)
Salvado, M. A. N., & Cardoso, M. L. (2004). O Horto de Amato Lusitano. Uma ponte para Cultura, Educação e Cidadania. Semedo- Soc. Tipográfica, Lda.